quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
E Agora, José? Acabou o Clube dos 13?
Não é a discussão sobre o reconhecimento tardio, pela CBF, sobre Título de Campeão Brasileiro de 1987, que sempre foi do Flamengo, antes, durante e depois daquela competição. Nem é sobre a fatídica, cansativa, enfadonha e desnecessária arenga acerca da "Taça das Bolinhas", atualmente o grande “Pomo da Discórdia” do futebol brasileiro.
O racha dos Clubes, no Clube dos 13, com a CBF manipulando as cordas,é sobre algo muito mais básico, necessário e que todos nós dependemos e corremos atrás todos os dias. Dinheiro.
No caso, dinheiro sobre o direito de imagens nas transmissões de TV dos jogos do Brasileirão, a partir de 2012 e até 2014. O Clube dos 13 (União dos Grandes Clubes Brasileiros) criado por isso, num momento de falência financeira do futebol brasileiro, por conta dos desmandos políticos da CBF, da desorganização que era o campeonato brasileiro, e da necessidade dos Clubes formarem uma Liga (que não se concretizou), para gerenciar o principal campeonato nacional, de maneira lucrativa e transparente.
Não é à toa que o melhor campeonato nacional (antes da era dos pontos corridos) foi justamente a Copa União de 1987. Não é toa que a CBF, ao perceber o que os Grandes Clubes Brasileiros fizeram, virou a mesa e através de autoritarismo inventou uma regra nova, com um campeonato em andamento, o que a União de Grandes Clubes Brasileiros não aceitou, mas, com o uso de autoritarismo e força, ignorou o Campeão e o Vice-Campeão do Brasileiro de 1987, da Copa Libertadores de 1988, cedendo as vagas para campeões de um torneio menor, o tal de Módulo Amarelo, equivalente à segunda divisão do Brasileirão 1987.
O que fez o Clube dos 13 naquela época? O que adianta hoje, o reconhecimento pela CBF sobre o Título do Brasileirão de 1987, depois do Flamengo (e que Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Leandro Edinho e Leonardo, Andrade, Aílton e Zinho, Zico, Renato Gaúcho e Bebeto), ter sido impedido de jogar a Copa Libertadores de 1988?
O que fez o Clube dos 13 em 1992, quando o Flamengo se tornou Pentacampeão Brasileiro?
Recentemente o que fizeram alguns dos integrantes de tal Confraria de Clubes? Conseguiram equivalência de títulos que não começaram como campeonato brasileiro, não terminaram como campeonato brasileiro, não tiveram, em sua época propícia, comemorações de campeões brasileiros, mas, numa canetada, se tornaram equivalentes a campeões brasileiros.
Um destes clubes, duas vezes no mesmo ano, jogando duas competições tão diferentes que não poderiam se equivaler uma a outra, sequer a uma terceira competição cujo início só se deu em 1971.
O que fez o Clube dos 13 e o São Paulo após a decisão de entregar a fatídica Taça das Bolinhas para o clube do Morumbi. E isso após a CBF boicotar o Morumbi para a Copa 2014?
Enquanto isso, faz tempos que os times de maior torcida do país reclamam de suas participações nas cotas televisivas. Não pode o Flamengo com seus mais de 44 milhões de torcedores receber o mesmo numerário que oVasco, o Palmeiras e o São Paulo. É mera questão de lógica mercadológica. Se temos mais torcedores, temos mais consumidores, nossa marca é mais valiosa e devemos ser melhor remunerados. Simples assim.
Mais uma vez, O Flamengo foi ignorado pela Liga de Clubes (que nunca se concretizou, mas que seria, hoje, cinco anos mais antiga do que a mais rentável liga de clubes de futebol do mundo, a Liga Inglesa), que ajudou a fundar, para moralizar o futebol, para tornar os campeonatos mais rentável aos cofres dos clubes. Agora, num momento em que importantes negociações sobre direito televisivos dos anos futuros, tornaram a ignorar o time de maior torcida de futebol do Brasil e do mundo. E ignoraram também a segunda maior torcida.
Mas, como é bom ser a CBF. Não investe na formação do jogador, não tem os custos de contratação, manutenção, de jogadores e de estádios, não tem nem que lidar com as correntes opositoras de sócios de um clube. Ela é a CBF, dona do futebol nacional, porque assim os clubes, inclusive a União dos Grandes Clubes Brasileiros, o Clube dos 13, assim deixou que fosse. Ela, a CBF, que quando ainda se chama CBD, se não me engano, na época da ditadura, permitia que quando a Arena (partido governista nos Anos de Ferro), ia mal num estado, que se colocasse um time no campeonato nacional. E que quando a Arena fosse bem, um outro time também. E com isso tivemos campeonatos nacionais com aproximadamente 100 times. Ela, a CBF (já Confederação Brasileira de Futebol), que quando percebeu que perderia, até então, sua maior fonte de recursos, ao ver como os clubes, organizados, conseguiram fazer um campeonato nacional rentável, botou água no chopp dos campeões, iniciando este imbróglio sobre o campeonato brasileiro de 1987.
E ainda tem um clube pelego e ridículo, que continua chiando até agora, mesmo que tenha sido beneficiado, indevidamente, e sem aproveitar a chance que lhe caiu nas coxas, de ter disputado a Copa Libertadores de 1988 (é claro que não falo do Guarani, que vice no Brasileiro de 1986, foi injustiçado pelo Clube dos 13), e que ainda reconheceu o Título do Flamengo em 1987 quando entrou para o Clube dos 13.
Agora a CBF, que tem interesses nas cotas televisivas, e que tinha no Clube dos 13 seu contraponto, conseguiu, com castigos e afagos, separar os clubes, até então, mais progressistas do país. Um deles menos progressista internamente. Sob um regime ditatorial há anos e cujos diretores demonstram empáfia a toda oportunidade que lhes dão na mídia. O outro democrático (às vezes parece até que ao extremo), com uma diretoria mais ou menos renovada, mas que já cometeu erros crassos internos, de gerência, de política, e que agora pode ter obtido uma “Vitória de Pirro”. Espero que não.
Espero que os clubes que agora se desfiliam, ou se dissociam do Clube dos 13 se reúnam numa nova proposta de Liga. Não sei quanto vale, em dinheiro, um jogo do Guarani, mas, sei não vale o mesmo que um jogo do Corinthians, por exemplo. Não sei como ficarão as transmissões dos jogos pela TV aberta, ou os pacotes da TV fechada, com negociações para transmissões passando or uma entidade, um consórcio de clubes (a União dos Grandes Clubes Brasileiros – Clube dos 13 deve morrer após a cisão de hoje), e alguns clubes negociando unitariamente.
Não sei como isso afeta as transmissões por Radiodifusão, internet e celular. Não faço a menor idéia se os clubes dissidentes, ou os que ficaram no Clube dos 13, irão lucrar ou malograr prejuízos nos próximos anos. Ou se a partir de 2012 continuarei a ter a minha disposição um pacote mensal para poder ver todos e quaisquer jogos do Brasileirão, ou se eu quiser ver uma partida de futebol terei de ir ao estádio (sem beber, ou dirigir, sem fumar, sem transporte público eficiente, etc...) ou se terei de pagar fortunas por um famigerado “pay-per-view”, ou ainda, se nem esta opção teremos (aliás, pay-per-view é o cacete).
Sei que em 1987 o meu time conquistou o Tetracampeonato. Sei que o time de Recife é um campeão de papel e só (nem vencer uma disputa de pênaltis foi capaz de fazer, contra o injustiçado Guarani). Sei que o meu time, o Mengão Fuderosão, foi o primeiro Penta, em 1992 e que, após amargarmos uma longa fila, fomos Hexa em 2009.
Tudo isso, sem precisar de reconhecimento da CBF, sem a porcaria da "Taça das Bolinhas", sem ter de ver e ler sobre a cara-de-pau dos dirigentes São-Paulinos, signatários da União de Grandes Clubes Brasileiros, dos termos da Copa União de 1987, e parceiros históricos na oposição contra os desmandos da CBF.
Pior ainda é o presidente do São Paulo, antigo parceiro de lutas, mas que vem se revelendo o maior cara-de-pau entre os diretores do futebol brasileiro, numa entrevista, "xavecar" a presidente do Flamengo, com um discurso "pseudo-sedutor", em que afirma acreditar em seu charme e poder de convencimento para, numa conversa a dois, resolver a questão. E que vai mandar fazer uma bela taça para o Flamengo.
A famigerada "Taça das Bolinhas" até parece, para os clubes brasileiros, o mesmo que significa Jerusalém, para Judeus, Islâmicos e Católicos. Não vale nada e ainda assim vale tudo.
Ainda acho que deveria a diretoria do São Paulo ter entregado a “Taça das Bolinhas” ao Flamengo, como sinal de boa-vontade, na hora que a recebeu. E o Flamengo, em contrapartida, enaltecer o único "Tri-propriamente-dito", com uma réplica, no mesmo momento. Ou literalmente racharem esta porcaria, reconstruirem cada metade, e prestigiarem o primeiro Pentacampeão, o Flamengo, e o primeiro Tricampeão seguido, o São Paulo. Ambos são campeões jogando, com a bola rolando e tiveram direito à volta olímpica. De um "pomo da discórdia", que se faça uma divisão salomonica, e, com duas taças todos viveriam felizes para sempre (menos alguns poucos recifenses, coitados).
Poderiam ainda, ambos os Hexacampeões, e maiores campeões brasileiros (considerando-se apenas os campeonatos brasileiros propriamente ditos, pós 1971, e não seus equivalentes, ou seja, os campeões de papel), até lucrarem com tal atitude. Um jogo amistoso de entrega de taças e faixas, com Ronaldinho Gaúcho de um lado, Rivaldo do outro e participações de Zico e Raí; Silas e Andrade; Bebeto e Muller; e com Leonardo atuando um tempo por cada time (emprestado por nós, é claro).
Já sobre o futuro do futebol nacional, o que será, será!
Fonte da imagem: http://blogs.estadao.com.br/tragico-e-comico/files/2010/04/jt10_trofeu.jpg
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